Numa entrevista esta terça-feira ao Le Monde, Libération, L’Équipe e à L’agence France-Presse, Volodymyr Zelensky fez declarações exclusivas sobre as sanções impostas à Rússia, a próxima cimeira de paz e o perigo das eleições presidenciais norte-americanas para Kiev.
O presidente da Ucrânia descreveu a situação na linha da frente como “difícil” e atribuiu os recentes ganhos territoriais da Rússia no território ucraniano à proibição ocidental a ataques profundos em território russo. “É um grande obstáculo o facto de não podermos usar armas ocidentais, pois precisamos de deter o inimigo”, disse Zelensky.
O líder ucraniano lamentou ainda a falta de assistência material por parte dos países ocidentais. “Alguém acredita que é possível travar (os russos) se apenas três (brigadas ucranianas) em 14 estiverem equipadas?”, lamentou Zelensky. Sanções impostas à Rússia nos Jogos Olímpicos são “meias medidas”
O risco das eleições norte-americanas
O presidente ucraniano reconheceu a existência de um “risco” para a Ucrânia com o resultado das eleições presidenciais norte-americanas. “Não podemos influenciar nenhuma eleição, mas é claro que os Estados Unidos são um desafio atual. E há riscos que nenhum de nós pode prever”, disse Zelensky.
Os Estados Unidos são um aliado vital da Ucrânia, desde o início do conflito, que forneceram dezenas de milhares de milhões de dólares de ajuda a Kiev, sob a direção do atual presidente Joe Biden. Caso Kamala Harris, a sua vice-presidente e atual candidata democrata à Casa Branca, vença as eleições, o apoio a Kiev deverá estar assegurado. No entanto, caso seja o republicano Donald Trump, a ajuda pode ser posta em causa.
“Como presidente da Ucrânia, tenho de estabelecer um diálogo entre a minha equipa e a equipa de (Joe) Biden, a equipa de Trump e a equipa de Harris. Nós precisamos de ter estes contactos para discutir o que poderá ser o futuro se este ou aquele lado ganhar as eleições”, concluiu o líder ucraniano.