Consultora Boston Consulting Group (BCG) admitiu esta quarta-feira que pagou milhões de dólares em “luvas” para ganhar contratos em Angola, através do seu escritório em Lisboa, avança o Financial Times. E, através de um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ), aceitou pagar 14 milhões de euros para encerrar o assunto.
De acordo com a investigação do DOJ, tornada pública esta quarta, os subornos foram pagos através do escritório da consultora em Lisboa, entre 2011 e 2017, quando Eduardo dos Santos ainda era presidente do país.
O dinheiro era enviado para três entidades em contas offshore, controladas por agentes associados às autoridades angolanas e membros do partido no poder, que ficavam com uma “comissão” de 20 a 35% do valor dos contratos que a BCG ganhou nesse período.
“Certos funcionários da BCG em Portugal tomaram medidas para ocultar a natureza do trabalho do agente” quando “surgiram questões internas, incluindo a alteração da data dos contratos e falsificação do suposto produto de trabalho do agente”, disse o DoJ, citado pelo Financial Times.
O diário britânico avança que a consultora ganhou 11 contratos com o ministério da Economia e um com o banco central angolano, onde teve 22,5 milhões de dólares em receitas e 14 milhões em lucros, que agora concordou em devolver.
Por enquanto, a justiça dos EUA afasta processar a BCG, uma vez que a consultora confessou, cooperou com a investigação, demitiu os funcionários envolvidos e fechou o escritório em Luanda. O DOJ não afasta, no entanto, reabrir o inquérito caso surjam novos dados e até processar as pessoas envolvidas.