Enquanto os Estados Unidos e a União Europeia trabalham para estender o corredor do Lobito à Zâmbia, a China acaba de se comprometer a reabilitar a linha férrea de Tazara, que liga as minas zambianas ao porto de Dar es-Salaam.
O projecto estava em negociação há vários meses. Financiado e construído pela China – já – na década de 1970, é um dos projectos de ajuda ao desenvolvimento mais caros alguma vez financiados por Pequim.
O corredor estende-se por 1.860 km de Dar es Salaam até Kapiri Mposhi, no centro-norte da Zâmbia. Em quase meio século de existência, a ferrovia transportou mais de 30 milhões de toneladas de mercadorias e mais de 40 milhões de passageiros.
O acordo assinado em Pequim entre Xi Jinping , a presidente da Tanzânia, Samia Suluhu, e o seu homólogo da Zâmbia, Hakainde Hichilema,envolve, segundo informações da Jeune Afrique, um empréstimo de mais de mil milhões de dólares. Mais de vinte túneis devem ser escavados e ainda mais pontes devem ser construídas ou reabilitadas para optimizar o serviço entre o Copperbelt, esta região da Zâmbia que faz fronteira com a RDC e é rica em cobre, até um dos maiores portos da costa oriental do continente.
Mas a renovação do Tazara não é um presente chinês oferecido aos seus parceiros africanos. “A China quer garantir o seu abastecimento de minerais, isso é tudo que importa para Pequim”, explica Thierry Vircoulon, investigador e coordenador do Observatório da África Central e Austral do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri). E para garantir esse abastecimento, é preciso ser dono das minas, mas também do transporte. Basicamente, é uma batalha entre os Estados Unidos e a China pelo controlo de minerais críticos em África .
Cobre, cobalto, manganês, lítio… Estes minerais, elementos-chave da transição energética, são essenciais para a produção de veículos eléctricos, painéis solares ou turbinas eólicas.
Do lado oposto, Washington e Bruxelas apostam tudo no corredor do Lobito . A história desta infra-estrutura gigantesca ecoa a da sua congénere da África Oriental. Em funcionamento desde a década de 1930, esta ferrovia ligava o porto do Lobito, em Angola, a Lubumbashi, capital de Katanga, na RDC. Em 1975, quando Angola acabava de obter a sua independência, eclodiu a guerra civil.
No final do conflito, mais de um quarto de século depois, a infra-estrutura está em frangalhos. E foi novamente a China quem iniciou, em 2006, a reconstrução do troço angolano da linha férrea, ou seja, 1.344 km, entre Lobito e Luau, a poucos passos da fronteira congolesa.