Consolidar uma parceria estratégica. É este o objectivo da visita oficial, anunciada para a primeira semana de Novembro, do presidente angolano a França.
Acontece cinco anos depois da última visita de João Lourenço a Paris, em Maio de 2018, e um ano e meio depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter visitado Luanda, em Março de 2023, no âmbito de um périplo pela África Central e Austral.
O tom desta visita promete ser tão político quanto económico. O chefe de Estado angolano, que assumirá a presidência rotativa da União Africana (UA) em 2025, será recebido no Eliseu no dia 6 de Novembro. Além de fortalecer as relações bilaterais, os dois presidentes devem discutir questões de paz e segurança no mundo.
À escala africana, se o conflito no Sudão, o terrorismo em Moçambique e a insegurança na África Ocidental pudessem ser discutidos, é outro assunto que terá lugar de destaque nas discussões: a guerra no leste da RDC – um dossiê seguido de perto por Paris e em que João Lourenço desempenha o papel de mediador da UA desde Junho de 2022.
Nos últimos meses, Angola intensificou intercâmbios, negociações e reuniões para tentar obter um acordo de paz entre Félix Tshisekedi e Paul Kagame para pôr fim à crise entre a RDC e o Ruanda. Um processo que conta com o apoio da França, como recordou Emmanuel Macron na sua última entrevista telefónica com o seu homólogo angolano, em Junho.
O dia 6 de novembro terá outros dois destaques: uma sequência nos Invalides e um jantar de Estado no qual deverão participar as primeiras-damas, Brigitte Macron e Ana Dias Lourenço , bem como cerca de meia centena de personalidades.
No dia seguinte, João Lourenço, que estará acompanhado por uma delegação composta por meia dúzia de ministros, presidirá a um fórum organizado pela Medef Internacional, uma iniciativa que visa permitir obter progressos na vertente económica das relações bilaterais.
Estão previstas duas mesas redondas: uma dedicada à agricultura, sector que Angola quer desenvolver e no qual a França tem conhecimentos para partilhar; a outra centrou-se em infra-estruturas, transportes e logística, reflectindo o entusiasmo dos parceiros internacionais de Luanda, principalmente a China e os Estados Unidos, pelo ambicioso projecto do corredor do Lobito que visa explorar a riqueza mineral do país e dos seus dois vizinhos, a Zâmbia e a RDC.
Se Pequim e Washington anunciaram investimentos significativos no projecto, Paris, através da estratégia “Global Gateway” da Comissão Europeia, pretende reiterar o desejo dos europeus de participar nele.
Tanto para Luanda como para Paris, trata-se de transformar a prova enquanto os acordos e contratos assinados durante a visita oficial de 2018 não foram todos implementados. Por exemplo, a Airbus espera conseguir concluir o financiamento de um contrato, assinado em 2018 e renovado em 2023, para a fabricação de um satélite de observação denominado Angeo-1. O projecto pretende colocar Luanda entre os líderes africanos no domínio espacial.
Um último ponto-chave do intercâmbio entre os dois presidentes deverá ser o fortalecimento da cooperação cultural entre os dois países, enquanto Angola se tornou, no início de Outubro, membro observador da Organização Internacional da Francofonia (OIF).
Jeune Afrique