A projecção de um país enquanto potência regional, resulta da combinação de vários factores de ordem interna e externa, que obriga à adopção de estratégias de curto, médio e longo prazo, por se tratar de um processo gradual e complexo para o alcance das metas traçadas. São muitos os recursos a alocar, além de necessitar de reformas estruturais e estruturantes em vários sectores do Estado que concorrem para a defesa dos interesses permanentes e circunstanciais.
A concepção da política externa de Angola deve estar alinhada com uma diplomacia activa para os diferentes assuntos que dominam a pauta da política africana. A promoção da paz e segurança, as questões económicas, as medidas para fortalecer a presença do Estado nos diferentes blocos e organizações regionais, a busca de parcerias estratégicas económicas com países africanos e terceiros, a dinamização da cooperação Sul-Sul, são variáveis que devem estar acompanhadas de uma estratégia interna que vise dar suporte às decisões a tomar ao nível externo.
Nesta ordem de ideias, é crucial racionalizar de forma assertiva os factores estratégicos de poder, quer os tangíveis, quer os intangíveis, bem como as potencialidades turísticas para captação de receitas financeiras e como meio de promoção da imagem do país no cenário internacional. A considerar também a exploração das potencialidades agrícolas numa fase em que o mundo se debate com uma crise alimentar profunda.
A requalificação do sector agrícola permitiria ao país obter ganhos múltiplos e aumentar a sua base de diversificação das exportações. Conjugar isto com as infra-estruturas de apoio ao comércio, como construção de portos, ferrovias, estradas, aeroportos e telecomunicações, facilitaria a inserção do país no mercado regional, sem descurar a importância geopolítica do corredor do Lobito no processo de transportação de mineiros que saem da região Central e Austral do continente para países terceiros. Também a importações de produtos e mercadorias para os países africanos encravados, que passam por Angola para estes países sem saída para o mar, ficaria facilitada.
A combinação destes e de outros factores permitiria o fortalecimento da economia, fundamentalmente para aumentar a expressão e a influência do país no contexto africano e no cenário internacional.
O país enfrenta desafios que precisam de ser ultrapassados, desde a diversificação da economia, a redução do analfabetismo e da pobreza, entre outros. Todo e qualquer país que pretende desenvolver-se e ter uma posição de respeitabilidade no Sistema Internacional deve apostar e aumentar o orçamento para a educação e a investigação. A qualidade dos recursos humanos de um Estado define o crescimento económico que impulsiona a inovação, o empreendedorismo e a competitividade do país.
Desafios e oportunidades
Os factores estratégicos de poder são vários. Angola, encontra-se estrategicamente posicionada com acesso ao mar e é dotada de uma abundância de recursos naturais, incluindo petróleo e diamantes. Contudo, a sua economia, fortemente dependente do “ouro negro”, fica vulnerável a choques externos, particularmente às flutuações do preço do barril no mercado internacional. Com uma população estimada em 34 milhões de habitantes, a segurança alimentar é uma questão crucial. A produção interna de alimentos é insuficiente, resultando numa dependência de importações, pelo que a agricultura, um sector vital, necessita de reformas profundas e investimentos significativos para aumentar a produção interna e reduzir a dependência externa. As Forças Armadas Angolanas, por sua vez, enfrentam o desafio de se modernizarem para lidarem com ameaças emergentes, não só ao nível das suas fronteiras como também a defesa do ciberespaço. Apesar destes desafios, a liderança do Presidente da República tem sido fundamental na resolução de conflitos e na promoção de uma cultura de paz no continente africano.
Angola é um país que apresenta características para se tornar uma potência regional, mas é preciso adoptar uma série de medidas e políticas que permitam o alcance deste desiderato.
Texto: Osvaldo Mboco