O Presidente de Angola, João Lourenço, defendeu nesta segunda-feira, em Luanda, que o investimento privado dos Estados Unidos em África deve ir além da exploração de recursos minerais, focando também em indústrias transformadoras como a do ferro e aço, alumínio, cimento, agropecuária, indústria naval, automóvel e turismo.
Ao discursar na abertura oficial da 17.ª Cimeira de Negócios Estados Unidos da América-África, que decorre até quarta-feira, João Lourenço sublinhou que os países africanos estão preparados para facilitar o ambiente de negócios aos investidores norte-americanos, promovendo parcerias que tragam lucros e prosperidade partilhada.
O chefe de Estado angolano, que também preside atualmente a União Africana, sublinhou que os laços económicos entre África e os EUA têm um grande potencial de crescimento, com oportunidades de investimento em áreas-chave como energias renováveis, agroindústria e segurança alimentar, aproveitando os milhões de hectares de terras aráveis, abundância de água, clima favorável, mão de obra jovem e necessidade de modernização tecnológica.
João Lourenço destacou também o papel estratégico da exploração responsável dos minerais críticos para a transição energética global, que pode transformar as economias africanas se feita em moldes que respeitem a soberania dos países, valorizem o conteúdo local, promovam a transferência de conhecimento e gerem empregos qualificados.
Durante o seu discurso, o Presidente angolano afirmou que África já não é apenas um continente rico em recursos, mas um espaço de decisões transformadoras e projetos concretos, com ambição de se industrializar e criar oportunidades para os seus jovens, evitando assim o êxodo através da migração perigosa e precária para a Europa.
Lourenço exemplificou com projetos estruturantes como o Corredor do Lobito, que ligará por ferrovia o porto angolano no Atlântico ao porto de Dar-Es-Salam, na Tanzânia, no Índico, dinamizando o comércio intra-africano e intercontinental.
Mencionou também o crescimento das zonas económicas especiais e o desenvolvimento de cadeias de valor regionais nos setores dos minerais críticos, agricultura e energia.
O Presidente angolano garantiu que a transformação digital do continente africano está em curso e a grande velocidade, tornando África num parceiro cada vez mais estável e estratégico, mesmo num mundo marcado por instabilidades geopolíticas, como no Leste Europeu e no Médio Oriente.
Por fim, sublinhou que o papel dos Estados Unidos é crucial para reforçar os laços de confiança, cooperação económica e segurança estratégica com África, considerando-o um parceiro com influência global incontornável.
A cimeira em Luanda conta com a presença de vários chefes de Estado africanos, incluindo os Presidentes da República Democrática do Congo, Gabão, Namíbia e Botsuana, além de vários líderes de governo.