O Terminal Oceânico da Barra do Dande (TOBD) foi inaugurado e será a principal plataforma logística para armazenamento e distribuição de combustíveis em Angola.
Com um investimento de 700 milhões de dólares, a infraestrutura tem capacidade para armazenar 580 mil metros cúbicos, garantindo uma autonomia de abastecimento de 30 dias em períodos de crise.
O projecto põe fim ao armazenamento flutuante de combustíveis no país, permitindo que os barcos descarreguem diretamente no terminal.
A estrutura conta com 16 tanques para combustíveis líquidos (8 para gasóleo e 8 para gasolina) e 34 tanques para LPG (gás de uso doméstico). De acordo com o ministro Diamantino de Azevedo, o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027 prevê um aumento da capacidade de armazenamento terrestre para 1,26 milhões de metros cúbicos, o que exigirá a construção de novas unidades logísticas.
Além dos tanques de armazenamento, o TOBD integra a “unidade 200”, composta por um conjunto de pipelines que interliga as várias unidades do projeto, permitindo a movimentação dos produtos entre os tanques e os camiões.
O terminal também inclui uma unidade de captação de água a partir do rio Dande, laboratórios, armazéns, oficinas e sistemas de energia, sendo toda a operação gerida por uma Sala de Controlo.
No perímetro do terminal, já estão contratualizados vários projetos industriais, incluindo fábricas de azulejos, mosaicos, papel, silício de quartzo, alumínio, plásticos e material hospitalar descartável. O local também vai acolher o empreendimento imobiliário Dubai Investments Park Angola.
Antes da inauguração, o PCA da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins, assinou contratos de parceria com várias empresas do setor, como BP, Vitol, Trafigura, Sahara, Gemcorp, Sinochem, Glencore, Antenoc e Total.
Para o gestor do projeto, Mauro Graça, o grande benefício do TOBD é a eliminação definitiva do armazenamento flutuante. “O País passa a ter a capacidade de receber todo o combustível consumido internamente, armazená-lo no terminal e distribuí-lo de forma eficiente”, afirmou.
O presidente da República, João Lourenço, destacou a importância do terminal para a autossuficiência energética e reforçou a necessidade de concluir a refinaria do Lobito. “Se finalizarmos a Refinaria do Lobito, estaremos em condições de garantir a autossuficiência na produção de combustíveis”, sublinhou.
João Lourenço abordou ainda o combate ao contrabando de combustíveis e defendeu um ajustamento dos preços à realidade do mercado. “Importamos a um preço e vendemos a um preço inferior. O País está a perder dinheiro. Esta situação, uma vez resolvida, ajudará a desencorajar o contrabando”, concluiu.