O novo aumento foi decidido esta quarta-feira, pelos membros do Comité de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que citaram um “ambiente externo difícil”, sobretudo devido à situação económica dos Estados Unidos, além de, no âmbito doméstico, da pressão inflaccionista e do “início de uma moderação no crescimento”.
A principal potência económica da América Latina enfrenta, assim, o quinto aumento consecutivo da taxa de juro, uma das mais elevadas do mundo, apesar das críticas do Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Em comunicado, o banco central antecipou um aumento menor na próxima reunião do Copom, que acontecerá em maio, caso a situação actual não se altere significativamente.
A Selic, nome dado no Brasil à taxa de juro básica definida pelo Banco Central, nunca esteve tão elevada desde outubro de 2016.
Nessa altura, o Brasil atravessava uma grave recessão, sob o governo da Presidente Dilma Rousseff, que se manteve no poder de 2011 até à destituição, em agosto de 2016, por falsificação de contas públicas.
Lula da Silva, que a antecedeu em dois mandatos, de 2003 a 2010, antes de regressar ao poder em 2023, opôs-se com veemência recentemente ao aumento da Selic.
Segundo o chefe de Estado, a subida da taxa de referência dificulta o crescimento, ao tornar o crédito mais caro para os consumidores e para as empresas que procuram investir.
O Banco central brasileiro manifestou-se no comunicado que acompanhou o aumento das taxas de juro “muito mais preocupado com a inflacção elevada do que com a fraqueza da economia”, sublinhou o consultor económico da Capital Economics, William Jackson.
Em fevereiro, a inflacção anual ultrapassou a marca de 5%, pela primeira vez desde setembro de 2023, atingindo 5,06%. Um nível muito acima do intervalo de aumento de preços entre 1,5% e 4,5% previsto pelo Governo.
Especialistas e instituições financeiras interrogados por um inquérito do Banco Central preveem uma inflacção de 5,66% em 2025.
O Governo de Lula anunciou uma série de medidas que visam reduzir os preços dos alimentos, incluindo a eliminação dos impostos de importação de certos produtos, como a carne, o açúcar e o azeite.
Analistas ressaltam que a inflacção, explica porque é que a popularidade de Lula caiu para o nível mais baixo nos seus três mandatos, com uma taxa de aprovação de apenas 24%, de acordo com uma sondagem publicada em
fevereiro pelo instituto Datafolha.
O Governo, no entanto, apresenta alguns bons indicadores, incluindo uma taxa de desemprego de 6,5% e um crescimento económico de 3,4% em 2024.
“A economia brasileira continua a aquecer, embora tenhamos visto sinais de desaceleração”, disse à agência de notícias France-Presse o director do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, Reginaldo Nogueira, citado pelo Notícias ao Minuto.
“Portanto, tudo isto é um alerta de que as taxas de juro continuarão a subir”, acrescentou Nogueira.
Fonte: Notícias ao Minuto