Ambiente de negócios ‘prejudica’ Puff-Alimentos

As projecções para 2023 apontam para resultados a rondar os 100%, fruto do investimento em infra-estruturas e no capital humano.

O ambiente de negócios é um dos principais obstáculos para o relançamento e consolidação da indústria transformadora em Angola, obrigando os gestores a redobrar esforços para manter o negócio.

A Puff-Alimentos, empresa vocacionada para a produção agro-alimentar, tem capacidade instalada para produzir mil toneladas de trosado de milho por dia. No entanto, devido aos custos operacionais em consequência da conjuntura macroeconómica do país, está longe de chegar à metade estimada.

Aquela unidade fabril tem tido, segundo o director-geral, Jorge da Costa Teixeira, dificuldades para a produção de trosado de milho e outros produtos afins, face às oscilações do preço do açúcar no mercado.

“O açúcar é das principais matérias-primas. No princípio de 2023, um saco de 25 quilogramas custava 8 mil kwanzas. Meses depois, passou a custar 18 mil e posteriormente 70 mil kwanzas”, diz, alegando de seguida ser difícil acompanhar a elasticidade do custo daquela matéria-prima. 

Outra situação que inibe a possibilidade de a Puff-Alimentos atingir os níveis da capacidade instalada, explica o responsável, está relacionada com o mercado, pois “não absorve o grosso da produção por falta de elasticidade que o produto tem”.

Constrangimento cambial

A questão cambial também constitui um dos constrangimentos para a produção, pelo facto de a empresa recorrer à importação de matéria-prima, num momento em que o custo das divisas é alto.

O recurso ao mercado externo, assegura Jorge da Costa Teixeira, justifica-se pelo custo (acessível) das matérias-primas, principalmente do milho. Este produto, afirma, “já foi adquirido internamente, mas precisava de ser tratado, ao contrário do proveniente do estrangeiro”.

Apesar dos constrangimentos acima focados, a Puff-Alimentos é das poucas empresas nacionais que conseguiu manter-se na rota do crescimento mesmo no período da Covid-19.

Na transição de 2022 para 2023, esta empresa da indústria transformadora registou um crescimento de 60%. O volume de negócios também cresceu na mesma proporção. “2022 foi um ano mais morno em termos de crescimento económico, mas crescemos, até porque o nosso projecto é voltado para a área social e tem aceitação por parte do público”, declara o responsável à revista Líder.

As projecções para 2023 apontam para resultados a rondar os 100%, fruto do investimento em infra-estruturas e no capital humano. No ano passado, foram abertas mais de sete lojas na província de Luanda.   

De 70 a 200 trabalhadores 

Quanto às infra-estruturas, Jorge da Costa Teixeira garante que a Puff-Alimentos tem uma loja no “Mercado do 30”, município de Viana, que se diferencia das outras por ser propriedade da própria empresa.       

O investimento do género resultou no crescimento da força de trabalho. “Há três anos a empresa tinha 70 trabalhadores, actualmente são mais de 200. Estamos a ir no caminho certo, arrastados pelo sucesso do negócio e o esforço empreendido por toda a equipa”, reconhece.

A Puff-Alimentos também desenvolve o “Projecto Água para Todos”, no Rocha Pinto, distrito urbano da Maianga, Luanda. O ambiente de negócio, como assegura o director-geral, está longe de influenciar negativamente, pelo contrário. Neste projecto, a empresa comercializa água em embalagens de plástico de 20 litros, a 450 kwanzas. “Podíamos vender ao dobro do preço e continuaríamos a ter o mesmo movimento. O nosso objectivo não é este. Estamos numa área (bairro Huambo, Luanda) onde sempre houve surtos de cólera e de febre tifóide”, confessa.

Captação de água no lençol freático

O projecto desenvolvido no bairro Huambo consiste na “captação de água salobra a 100 metros de profundidade (lençol freático) e não está relacionado com Empresa Provincial de Águas de Luanda (EPAL). Nem sequer é captada em valas de drenagem ou em água residuais. A operação exige um investimento acima da média, uma vez que as máquinas para o tratamento da água salobra (por influência do contacto com o mar na camada subterrânea) custam no mínimo 1,5 milhões USD.

Jorge da Costa Teixeira vê com bons olhos a concorrência porque obriga cada um a melhorar. “No final, acabamos por oferecer ao consumidor um produto melhor. Mas, deve ser praticada com respeito”. 

O gestor mostra-se satisfeito com a postura de outros players do mercado, e está longe de considerar a Saudabel uma concorrente, pois leva a cabo um negócio específico.   

A Puff-Alimentos ambiciona expandir o negócio, mas por limitações de vária ordem, está fora de hipótese investir nas restantes provinciais, embora os produtos cheguem lá.   

Por: Alves Catende


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