Lançada em Abril de 2020, a Mamboo começou como uma solução de delivery em Luanda.
Segundo o portal Marcas em Acção, cinco anos depois, a empresa angolana de tecnologia e logística actua de forma consolidada em Luanda e iniciou a sua expansão internacional, com presença activa na Tanzânia desde 2024.
“Foi uma ideia que surgiu de forma exploratória”, disse Kaê Carvalho, co-fundador e actual COO da Mamboo. Com experiência empresarial noutras áreas e raízes familiares ligadas ao sector da madeira, Kaê queria diversificar o seu percurso.
A falta de soluções digitais no mercado angolano foi o ponto de partida. “Queríamos trazer essa conveniência que tínhamos no Brasil, mas não encontrávamos aqui.”
A primeira versão da plataforma foi desenvolvida com apoio de parceiros brasileiros, mas rapidamente tornou-se evidente a necessidade de uma adaptação profunda ao contexto angolano. “Hoje, o ecossistema Mamboo é composto por sete plataformas – três aplicações móveis e quatro plataformas web – e temos muito orgulho em dizer que a tecnologia já é em grande parte desenvolvida localmente, com talento angolano”, sublinha o empreendedor.
O lançamento do Mamboo Lab, uma célula de formação e incubação de developers em Angola, foi um dos marcos do percurso da empresa. A iniciativa permitiu formar jovens programadores locais e consolidar uma equipa de tecnologia alinhada com as realidades culturais e operacionais do país. “É raro encontrar empresas tecnológicas em Angola com desenvolvimento feito por angolanos. Para nós, é motivo de orgulho”, sublinha.
A Mamboo conta actualmente com mais de 250 entregadores e 100 colaboradores em Angola, e cerca de 70 na Tanzânia. A escolha do mercado tanzaniano foi estratégica: “Analisámos vários países africanos onde não houvesse grandes players internacionais, com uma economia promissora e uma boa penetração digital”, explica Kaê. A experiência tem sido positiva: “O país mostrou-se mais aberto ao investimento estrangeiro, menos burocrático e com maior base educacional entre os jovens profissionais.”
Apesar da operação internacional, Angola continua a ser uma prioridade. “Queremos levar a Mamboo para outras províncias, mas o mercado ainda precisa de amadurecer fora de Luanda”, admite.
A empresa já opera com mais de 800 parceiros comerciais – entre restaurantes, supermercados e farmácias – e está a investir na expansão do segmento B2B, com soluções de logística de última milha para empresas e instituições.
“O nosso core business é logística e tecnologia. Vemos muito potencial em apoiar empresas que querem externalizar essa parte, que para muitos é uma dor de cabeça”, refere Kaê. O objectivo é posicionar a Mamboo como parceiro tecnológico e logístico de referência no país e no continente.
A nível de marca, a empresa tem enfrentado o desafio de operar num mercado que ainda está a aprender a comprar online. “É preciso primeiro convencer as pessoas de que precisam do serviço”, diz o COO, destacando que o crescimento do ecossistema de startups e a crescente exposição digital dos consumidores tem ajudado a mudar mentalidades.
Além do impacto tecnológico, a Mamboo sublinha o seu contributo social e económico: pequenos lojistas com acesso à plataforma passam a estar visíveis para mais de 100 mil utilizadores, entregadores encontram uma fonte de rendimento estável e desenvolvedores locais ganham experiência numa área com crescente procura.
Em 2024, a Mamboo foi uma das duas startups angolanas seleccionadas para participar no programa da UNDP “Meet the Tôshikas”, em Tóquio, que colocou empresas africanas em contacto com investidores japoneses focados em soluções sustentáveis. “Confesso que não estávamos preparados para um roadshow desta natureza, mas foi uma grande oportunidade”, admite Kaê.
O próximo grande passo da empresa está envolto em mistério. “Estamos a trabalhar em várias frentes e novidades virão em breve”, garante. Para já, a meta simbólica mais próxima é alcançar o milhão de entregas, previsto para Julho ou Agosto de 2025.
Fonte: Marcas em Acção