Dois á três mil milhões de dólares é o valor gasto anualmente pelo estado angolano, para importação de alimentos. A estimativa foi levantada durante a mesa redonda ” O Desenvolvimento agrícola de Angola com base em recursos internos”, da Ordem dos Economistas de Angola.
Na análise, foram ainda apontadas algumas das potenciais razões para a baixa produtividade do sector agrícola e pecuário, dentre elas: os baixos níveis de funcionamento público e a concessão de crédito aos agricultores.
“Desde o fim da guerra civil, assiste-se a um certo aumento do peso do sector nas decisões políticas. Contudo, continuamos a importar alimentos que atingem valores entre dois e três mil milhões de dólares anuais, sendo do conhecimento geral que grande parte desses alimentos podem ser produzidos internamente”, pontuou a bastonária da OEA, Maria Bravo.
Embora se calcule um investimento perto de quatro mil milhões de dólares nos últimos vinte anos, muitas têm sido as críticas á falta ou reduzida eficácia e eficiência dos investimentos no sector, quer em infraestruturas, quer na produção directa ou nos serviços.
“Infelizmente não são conhecidos estudos que permitam uma avaliação fundamentada de tais investimentos de modo a perceber os efeitos reais. Hoje, existe um certo consenso mais ou menos alargado sobre o que podem ser considerados os grandes pontos de estrangulamento no sector agrícola. Na impossibilidade de se elencarem todos ou mesmo os mais importantes, foram escolhidos quatro que dizem respeito ou afectam todos os agricultores de modo transversal”, afirmou a economista.
A propósito da mesa redonda, a OEA fez saber que a mesma é voltada à aspectos que condicionam a produção agrícola, como a questão da terra que constitui o primeiro ponto de estrangulamento.
Segundo dados do Ministério da Agricultura e Florestas, dos trinta e seis milhões de terras aráveis, anualmente apenas seis milhões de hectares são cultivados, representando menos de 20% das terras aráveis disponíveis.
O referido Ministério, alega que nos termos da Lei de terras, já foram concedidos 3,1 milhões de hectares para usufruto do sector.