A Bolsa de Valores de Angola (BODIVA) tem como objectivo cotar pelo menos 10 empresas até 2028, incluindo as estatais Sonangol e Endiama, disse Cristina Dias Lourenço, presidente daquele organismo.
“O objetivo de cotar 10 empresas até 2028 sublinha o nosso objetivo estratégico de financiar a expansão de empresas-chave através dos nossos mercados, assegurando simultaneamente que os investidores dispõem de mais instrumentos para negociar na bolsa”, referiu. O impacto previsto é o financiamento do crescimento económico através do aumento do rácio capitalização bolsista/dívida bruta para cerca de 17%.
“A admissão à cotação da Sonangol e da Endiama contribuirá certamente para este rácio. Relativamente ao seu estatuto, é importante referir que estas cotações fazem parte do Programa de Privatizações do Governo Angolano e estão atualmente a ser preparadas pelo Instituto de Gestão de Ativos do Estado, enquanto titular do processo, em estreita coordenação com os ministérios da tutela, intermediários financeiros e outros intervenientes, sendo todas as atualizações sobre o seu estatuto anunciadas publicamente pelo IGAPE”, Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado.
O sector dos hidrocarbonetos é complexo, na medida em que é de capital intensivo e exige uma gestão rápida dos fluxos de tesouraria. Atualmente, o sector bancário continua a desempenhar um papel fundamental na sua combinação de financiamento. “No entanto, vemos uma oportunidade para as empresas locais recorrerem aos mercados de capitais locais para financiamento. A BODIVA oferece um mercado eficiente, regulado e transparente para mobilizar poupanças nacionais e atrair capital estrangeiro”, referiu Cristina Dias Lourenço.
O anúncio de uma emissão de dívida por parte da Etu Energias, disse aquela responsável, é um sinal claro da crescente maturidade do mercado e servirá de referência para outras empresas do sector. “As empresas que pretendam emitir dívida na BODIVA devem cumprir os critérios definidos no Regulamento do Mercado de Dívida, nomeadamente: pelo menos três anos de atividade; valor mínimo de emissão de AOA (kwanza, a moeda local) de 60 milhões; prospeto completo; e relatórios financeiros e de gestão dos últimos três anos (dos quais pelo menos o último deve ser auditado)”.
Num contexto em que A BODIVA tem trabalhado no reforço de capacidades, na sensibilização e na prestação de assistência técnica às empresas do sector, “estamos também a trabalhar para simplificar os procedimentos e melhorar os prazos de admissão à cotação, em coordenação com a Comissão do Mercado de Capitais (CMC) e em parceria com bancos de investimento, consultores e auditores”.
“A BODIVA tem a oportunidade de ser um motor fundamental do crescimento e da transformação económica nacional, capaz de canalizar as poupanças nacionais e internacionais para o financiamento da economia – que continua a ser sustentada pelo sector energético. Como tal, pretendemos ser um parceiro estratégico do sector energético, complementar às soluções que a banca tradicional oferece. A BODIVA pretende ainda contribuir para o reforço da governação corporativa, do relato financeiro e das práticas empresariais globais, transformando as nossas empresas em atores relevantes a nível regional e global”, concluiu em conversa com a Energy Capital & Power.
Fonte: Jornal Económico