Angola defendeu, esta semana, no Cairo, o apoio total ao Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank) para acelerar a operacionalização do Pan-African Payment and Settlement System (PAPSS), considerado vital para reduzir custos de transação e permitir pagamentos em moedas locais no comércio intra-africano.
O apelo foi feito durante um fórum de alto nível que antecedeu a 17.ª Reunião do Conselho de Ministros da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), reunindo ministros africanos responsáveis pelo comércio e representantes do sector privado.
A delegação angolana foi chefiada pelo embaixador no Egito, Maquento Sebastião Lopes, em representação do ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns, acompanhado por Alcides Luís, negociador-chefe da AfCFTA, e outros diplomatas.
Segundo Angola, a dependência de moedas estrangeiras como o dólar e o euro encarece as operações comerciais e expõe as empresas à volatilidade cambial.
Nesse sentido, o PAPSS, desenvolvido pelo Afreximbank em parceria com o Secretariado da AfCFTA, surge como solução ao permitir liquidações em tempo real em moedas africanas, melhorando a eficiência e libertando reservas de divisas.
A delegação angolana reforçou ainda a necessidade de África adotar uma posição unificada face às mudanças geopolíticas e geoeconómicas globais, alertando que a ausência de ação coletiva poderá marginalizar as economias do continente no comércio internacional.
O fórum destacou igualmente os desafios técnicos e regulatórios da AfCFTA, como a indefinição das regras de origem em sectores sensíveis, entre eles o automóvel e o têxtil, e as falhas de infraestrutura digital que dificultam pagamentos fluidos.
Apesar de já funcionar em regiões-piloto, o PAPSS ainda não tem cobertura continental plena e depende da adesão mais ampla de bancos centrais, instituições financeiras e prestadores de serviços de pagamento.
Para Angola, o reforço do papel do Afreximbank é uma medida estratégica e pragmática, em linha com a agenda de diversificação económica e de fortalecimento da base industrial.
A facilitação do acesso aos mercados africanos, com menores custos, será crucial para as pequenas e médias empresas, permitindo-lhes maior competitividade no comércio transfronteiriço.