A recente decisão do Executivo angolano de restringir a importação de produtos têxteis insere-se no quadro das medidas estratégicas para o relançamento da indústria nacional e a redução da dependência de bens provenientes do exterior, numa altura em que o país reforça os seus compromissos com a diversificação da economia.
Com esta medida, o Governo procura assegurar maior protagonismo à produção interna, valorizando as empresas que operam no sector têxtil e criando condições para a geração de empregos, o aumento da capacidade produtiva instalada e a redução progressiva das desigualdades sociais e económicas.
No sector têxtil, destacam-se as unidades fabris da Textaf e Textang, cuja capacidade instalada permite responder, com eficácia, à crescente procura do mercado nacional. A Textaf, por exemplo, tem capacidade para colocar no mercado mais de 60 mil metros de tecidos por mês, além de manter compromissos regulares com diversos clientes institucionais e privados.
A Textang, por sua vez, assume igualmente um papel relevante, ao contribuir para o fortalecimento da cadeia de valor da indústria têxtil, estimular segmentos associados, como o da confecção, e fomentar o surgimento de novas iniciativas empresariais, com impacto directo na empregabilidade e na dinamização da economia local.
Para Manuel Jacinto, director da Área Comercial da empresa Marjosy Comércio, a medida chega em boa hora e representa uma oportunidade para o empresariado nacional. “Há muito que o país precisava de uma acção concreta que favorecesse os produtores nacionais. Esta restrição vai permitir uma maior valorização do que é feito em Angola e ajudar empresas que, como a nossa, já investem na cadeia produtiva têxtil”, afirmou.
O responsável da Marjosy considerou que a medida governamental poderá servir de alavanca para a transformação da estrutura económica do país. “Estamos a falar de milhares de empregos que podem ser gerados, de pequenas e médias empresas que vão surgir à volta desta cadeia e de um consumidor que passará a confiar mais no produto nacional. Isso representa soberania económica e também orgulho nacional”, sublinhou.
Segundo Manuel Jacinto, a Marjosy Comércio está a reforçar investimentos em tecnologia e na formação de quadros, com o objectivo de assegurar qualidade, inovação e capacidade de resposta às exigências do mercado interno. “O nosso compromisso é com o desenvolvimento do país. Vamos continuar a produzir com qualidade e responsabilidade social, oferecendo ao mercado soluções competitivas e adaptadas às necessidades locais”, frisou.
A decisão do Governo angolano também encontra respaldo em fundamentos económicos de carácter universal, como os defendidos por Thomas Piketty, que preconiza o fortalecimento das capacidades produtivas internas como uma via eficaz para a promoção de uma economia inclusiva e menos desigual. Ao favorecer a produção nacional, cria-se um ambiente propício à repartição mais equitativa dos ganhos do crescimento.
Além da redução da dependência externa, a restrição às importações tem o potencial de tornar a economia mais resiliente a choques externos, promovendo a sustentabilidade das cadeias produtivas internas e assegurando maior previsibilidade na oferta de bens essenciais ao consumo e à transformação.
Com esta aposta na indústria nacional, o país reafirma o seu compromisso com o crescimento sustentável, a valorização do capital humano e a dinamização de um sector produtivo moderno, tecnicamente competitivo e alinhado com as necessidades do desenvolvimento.
Jornal de Angola