Angola assumiu recentemente a presidência da União Africana (UA) durante a cimeira em Addis Abeba, Etiópia.
Este evento ocorre num momento em que a África do Sul lidera o G20, proporcionando ao continente uma plataforma significativa no cenário económico global.m, O economista angolano Gilberto António, em entrevista ao Jornal de Angola e ao Economia & Finanças, destacou que a inclusão da UA no G20 representa um marco importante para a presença diplomática e económica de África a nível mundial.
Angola pode utilizar esta posição para amplificar a voz do continente em questões cruciais, como o financiamento do desenvolvimento, a sustentabilidade da dívida e a industrialização.
Gilberto António enfatizou a importância da colaboração entre Angola e África do Sul, ambos membros da SADC, para aprofundar a cooperação em comércio, investimento e desenvolvimento sustentável.
Com 48 dos 55 países africanos já tendo ratificado o acordo da Zona Continental de Livre Comércio Africano (ZCLCA), representando uma adesão de quase 90%, Gilberto António destacou que a ZCLCA pode ser uma alavanca para a industrialização e diversificação das economias africanas, desde que implementada na sua totalidade.
Ressaltou a necessidade de assegurar a plena implementação do acordo e promover uma ratificação mais ampla para garantir um mercado inclusivo com a participação de todos os países africanos.
Além disso, o economista mencionou que, com o apoio do Afreximbank, o Secretariado da ZCLCA lançou um Fundo de Ajustamento, atualmente com um ativo de mil milhões de dólares, com o objetivo de atingir 10 mil milhões de dólares.
Utilizando estrategicamente estes fundos, criam-se oportunidades substanciais para que os países e as empresas se envolvam mais ativamente no mercado africano.
No âmbito da promoção da paz e segurança, Gilberto António acredita que, dada a experiência de Angola na reconstrução pós-conflito e mediação, o país está numa posição única para liderar os esforços da UA na prevenção de conflitos, mediação e reforço da construção da paz, especialmente em regiões como o Sahel e o Leste da República Democrática do Congo. Ele espera que Angola defenda um maior apoio às missões de manutenção da paz lideradas por africanos e promova o reforço do financiamento da Arquitetura Africana de Paz e Segurança (APSA).