A União Africana (UA) planeia lançar uma agência africana de notação de crédito no segundo semestre de 2025, durante a presidência angolana da organização.
O objectivo é reduzir a dependência das três principais agências internacionais – S&P Global Ratings, Moody’s e Fitch Group – que, segundo a UA, atribuem classificações desfavoráveis às economias africanas, dificultando o acesso a financiamento.
A decisão foi anunciada no relatório “Africa Sovereign Credit Rating Outlook 2024”, apresentado na 38ª Cimeira de Chefes de Estado da UA, em Adis Abeba, Etiópia.
O documento aponta que, em 2024, nove países africanos emitiram dívida no valor total de 13,45 mil milhões de dólares, mas com taxas de cupão quase duplicadas em comparação a emissões anteriores.
O caso dos Camarões é destacado: em 2021, o país emitiu um eurobond com uma taxa de 5,95%, enquanto em 2024 a taxa subiu para 10,75%.
A criação da agência de notação africana tem sido discutida há anos, mas ganhou força em 2022, quando o então presidente da UA, Macky Sall, apelou a um novo sistema para “acabar com as injustiças enfrentadas pelos países africanos”. Em 2023, a organização oficializou os planos para lançar o projecto, que será liderado pelo sector privado para garantir independência.
Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), publicado em Abril de 2023, revelou que as metodologias das três grandes agências de notação não são sempre adequadas para as economias africanas, custando ao continente 74 mil milhões de dólares em oportunidades de financiamento perdidas.
Além disso, segundo Macky Sall, pelo menos 20% dos critérios usados nas classificações dos países africanos são baseados em factores culturais ou linguísticos subjectivos, e não em fundamentos económicos, elevando o custo dos empréstimos para essas nações.