O Produto Interno Bruto (PIB) de Angola deverá registar um crescimento considerável nos próximos cinco anos, impulsionado pela operacionalização do Corredor do Lobito, no âmbito da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) e do aumento das trocas comerciais entre as regiões do continente.
A previsão foi avançada pelo gestor logístico e especialista em cadeia de abastecimento, Xavier Culandi, que destacou a visão estratégica do Executivo angolano ao implementar um dos maiores projectos nacionais desde a Independência.
Segundo Culandi, o Corredor do Lobito atravessa o país desde o litoral atlântico, em Benguela, até ao Leste, passando pelo Huambo, Bié e Moxico, com potencial para expansão através de ramais para outras províncias como Malanje, Cuanza-Norte, Lunda-Sul, Cuando-Cubango, entre outras. Este traçado facilita a construção de zonas francas e centros logísticos de alto desempenho.
O especialista sublinhou ainda que a República Democrática do Congo e a Zâmbia são potenciais beneficiárias do projecto, pela possibilidade de exportarem matérias-primas como cobre e cobalto para o Ocidente através do território angolano. Ao mesmo tempo, Angola beneficiará com receitas tributárias geradas pela utilização da via ferroviária.
Culandi realçou que o país possui um grande potencial em rochas ornamentais e outros minerais estratégicos para a transição energética, cuja procura internacional tem aumentado, o que poderá traduzir-se em receitas significativas para a economia nacional.
“As rochas ornamentais e outros minerais, como o cobalto e o cobre, provenientes da RDC, da Zâmbia e do Leste de Angola, onde decorrem vários projectos de prospecção, são os principais recursos. No entanto, o Corredor do Lobito também vai dinamizar o agro-negócio, a indústria e os serviços”, afirmou.
Para o especialista, o sucesso económico das regiões abrangidas dependerá da eficiência operacional e da redução de custos logísticos, transformando Angola num hub comercial regional e internacional, com impacto directo na criação de empregos e no desenvolvimento local.
“O Corredor do Lobito será um motor de crescimento. Vai atrair investimentos e transformar comunidades, criando um ecossistema de empresas e serviços que pode gerar milhares de postos de trabalho”, destacou.
Xavier Culandi mencionou ainda que os Estados Unidos têm dado atenção especial ao projecto, reconhecendo o seu valor estratégico e económico, independentemente de quem esteja no poder.
“Os Estados Unidos têm interesses bem definidos e sabem os benefícios que a sua economia pode obter com a plena operacionalização do Corredor do Lobito”, concluiu.