Sendo o ‘’Mundo uma aldeia global’’, nenhum projecto de âmbito nacional poderá ser
implementado sem antes analisar todos os contextos, desde os de natureza geopolítica,
geoeconômica e sobretudo, regional.
A RDC
Sendo que a RDC está avançar com o seu próprio porto de águas profundas denominado Porto de Banana, diminuirá substancialmente a vantagem competitiva e a variável diferencial do Porto do Lobito como hub para a saída dos seus minérios e eventual porto para determinadas importações, consequentemente diminuindo a relevância estratégica do projecto denominado ‘’corredor do Lobito’’ conforme os seus ideólogos o idealizaram. Com o porto de banana a RDC poderá por estrada ou investindo num ramal de caminho-de-ferro que ligue as minas a leste para o porto de banana a ocidente do seu território, resolver o seu tema relativo ao escoamento dos minérios estratégicos para o ocidente, sendo que para enviar exportações a oriente através do oceano índico poderá fechar com a Zâmbia e Moçambique e utilizar o não menos conhecido, ‘’Corredor da Beira’’.
A Zâmbia poderá igualmente aproveitar a vantagem competitiva que poderá ser o preço, para futuramente através do porto de águas profundas de banana em acordo com a RDC escoar os seus minérios através do atlântico para os países ocidentais e para a Asia, usar o corredor da Beira em Moçambique.
Como o Corredor do Lobito pode continuar a ser relevante e se tornar um projecto ainda mais ambicioso para Angola? Será possível se ela deixar de ser a joia da coroa e passar a ser simplesmente parte da joia, ou seja, os estratégas Angolanos podem claramente ver que o Corredor do Lobito só e somente só será relevante se incorporado como parte do projecto da Rota, ‘’Estrada Transafricana CapeTown-Tripoli’’, que é uma rota comercial transafricana previamente estudada por estratégas Sul Africanos desde 1958 para facilitar o comércio transafricano entre a África do Sul e vários países Africanos, entre os quais constam Angola, RDC, Congo Brazaville, Gabão, Camarões entre outros até a Líbia.
A África do Sul não apenas é o país de longe mais industrializado do continente Africano,
como tambem o mais mais rico, com um PIB estimado em $ 373,2 biliões, estando em
quadragesimo lugar no ranking das maiores economias mundiais, mas a sua localização
geográfica no extremo sul do continente, mesmo com acesso a dois grandes oceanos, o atlântico a ocidente e o índico a oriente, tem a condição de um país encravado, quando o assunto é o comércio transafricano, pois depende dos seus vizinhos para escoar de forma mais competitiva por terra (estrada ou caminho-de-ferro onde haja), os seus produtos e por assim ser, tem e continuará a ter uma forte apetência por uma parceria estratégica com Angola no âmbito do comércio transafricano.
A exploração dessa rota comercial que em território Angolano passa no que em angola é designado ‘’corredor norte-sul’’, cortando os ramais dos caminhos de ferro de Moçâmedes, Lobito e Luanda e ligando até a RDC, através de Kimpata – Maquela do Zombo, sendo que essas intersecções cria em várias cidades Angolanas Modais de transporte (sistemas de transporte) combinando estrada, caminho-de-ferro, aeroportos e portos deixando assim pelo caminho um rasto de oportunidades em vários domínios como os centros e polos logísticos industriais, cold hain, com industrias de transformação gerando oportunidades de import-export, com vista de grande crescimento económico e emprego para Angola e os Angolanos.
A joia da coroa é o ‘’corredor norte-sul – a parte da estrada transafricana CapeTown-Tripoli
que pertence a Angola, sendo que a sua perfeita integração com o projecto do corredor do
Lobito, e que poderá ser determinante para que o mesmo seja e continue relevante.
Benjamim Lukau Gerard
Consultor
O CORREDOR DO LOBITO – “EL CORRIDOR”
2 Comentários
Muito boa abordagem Mestre Benjamin…
Parabéns..
Dentro do presente artigo, houve uma frase que despertou-me uma visão diferente. De que não devemos nos preocupar de imediato a sermos a jóia da Coroa mas sim uma parte da Jóia! O que implica dizer que por vezes é necessário entendermos a dimensão da nossa capacidade dentro de um projecto e fazer um estudo de até que ponto podemos usar isto a favor do nosso país sem forçar barreiras.
Grato pelo POV, congrats for the article.