À semelhança do cimento, Angola dispensa a importação de aço para satisfazer a procura no mercado interno que, inclusive, está sem capacidade para absorver a produção, obrigando à exportação.
O aço está no leque restrito de bens cuja demanda é satisfeita internamente, a julgar pela capacidade de produção dos players do mercado, sobretudo da Fabrimetal, um dos principais produtores do país.
Actualmente, a unidade fabril localizada no Pólo Industrial de Viana (província de Luanda) produz aço a cerca de 92% ou 93% da capacidade de instalada (15 mil toneladas/mês), ou seja, a sua produção efectiva ronda as 14 mil toneladas mensais.
Este volume de produção satisfaz as aspirações empresariais de uma das maiores empresas siderúrgica nacionais, segundo Luís Diogo, director-geral, porque a actividade industrial angolana exige esforços suplementares dos players devido às condições das infra-estruturas e do ambiente de negócios.
A rede viária é, por exemplo, uma das principais adversidades em termos de infra-estruturas para as 417 empresas activas instaladas no Pólo Industrial de Viana, onde a Fabrimetal foi obrigada a fazer investimentos próprios a fim de garantir o consumo regular de energia eléctrica e também de água, um recurso indispensável para a produção de aço e que a rede existente não satisfaz.
Resiliência é chave
Apesar dos constrangimentos, explicou Luís Diogo, a Fabrimetal consegue manter-se e inclusive pôde ultrapassar as várias crises cujo impacto se reflectiu na economia, de que são exemplos a covid-19, o conflito na Ucrânia e a recente problemática do mercado cambial.
Em 2016, a empresa, que conta com 800 trabalhadores, 120 dos quais expatriados, voltou-se para o mercado africano: “Era necessário encontrar soluções para aquilo que internamente não era consumido”, acrescentou o responsável, para quem o recurso da ao ‘circuito’ externo está longe de ter sido motivado pelo excedente de produção, antes pela falta de mercado. “Só se cria excedente quando a capacidade instalada de todas as unidades produtiva é superior à absorção do mercado, o que ainda não acontece”, esclareceu o director-geral.
Actualmente, há maior capacidade de produção de aço do que a demanda do mercado interno, por isso, uma parte do produto é exportado com regularidade para o Senegal, República Democrática do Congo (RDC), Ghana e Costa do Marfim, mas as aspirações vão mais longe e a Fabrimetal está a trabalhar a fim de entrar na União Europeia. Afigura-se, afirmou Luís Diogo, “um exercício árduo face às exigências de certificação daquela zona”, apesar de a fábrica ter várias certificações nacionais e internacionais.
A empresa é também, desde 2010, um dos principais fabricantes dos varões FM TMT®, que, pela sua elevada qualidade, são muito solicitados para a construção civil. Em 2022 obteve um volume de negócios de, pelo menos, 60 milhões de dólares e, para este ano, assegurou o director-geral, espera manter o valor do exercício económico transacto ou chegar aos 65 milhões de dólares.
No entanto, os resultados da actividade do presente exercício estão aquém dos objectivos ambicionados, prejudicados sobretudo pelo desempenho verificado no primeiro trimestre, apesar da recuperação verificada no segundo.
As sucatas constituem a principal matéria-prima da Fabrimetal, a qual, por enquanto, permite manter a produção de aço para as necessidades, mas a Direcção daquela siderurgia está consciente de que terá de encontrar alternativas no longo prazo.
Pelas práticas comercias no mercado do aço, Luís Diogo considerou haver concorrência desleal. A começar “na compra e venda de matéria-prima, impactando na maneira como o produto é posto no mercado”.
Ao contrário de outras unidades fabris, a Fabrimetal tem tido facilidade na obtenção de crédito bancário, inclusive o reinvestimento feito na fábrica foi por intermédio da banca angolana, no âmbito do Aviso n.º 10 do Banco Nacional de Angola.