Em 2024, o kwanza depreciou-se em 9,1% em relação ao dólar e 3,5% face ao euro, num ano marcado pela relativa estabilidade do mercado cambial angolano, conforme o Relatório de Evolução do Mercado Cambial 2024, divulgado pelo Banco Nacional de Angola (BNA).
Segundo o BNA, os bancos comerciais adquiriram um total de 10,8 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros) em 2024, um aumento de 9,8% em comparação com os 9,9 mil milhões de dólares obtidos em 2023. Além disso, o Tesouro Nacional e o BNA disponibilizaram de forma pontual, dois mil milhões de dólares e 953,5 milhões de dólares, respectivamente, aos bancos comerciais.
O economista Wilson Chimoco afirmou, em entrevista à Lusa, que os dados demonstram “indicadores positivos” para 2025, especialmente no que se refere ao aumento da oferta de divisas no mercado, com destaque para os principais operadores, como o Tesouro Nacional e o BNA.
“A expectativa para 2025 é que haja um aumento da oferta de divisas, e este crescimento poderá ser observado entre os principais operadores, com a redução do peso do serviço da dívida em moeda estrangeira, prevista no Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2025”, comentou Chimoco.
Wilson destacou também que a iniciativa de emissão de eurobonds de até três mil milhões de dólares poderá permitir ao Tesouro Nacional alocar divisas ao mercado cambial de maneira mais regular.
Em 2025, o sector petrolífero também deverá impulsionar a oferta de divisas no mercado cambial angolano. “Embora o preço do petróleo possa se estabilizar ou até mesmo cair, a entrada em funcionamento do Novo Consórcio de Gás no primeiro semestre deve aumentar as exportações de gás e, consequentemente, a oferta de divisas no mercado”, observou o especialista.
Chimoco ainda apontou que o mercado de diamantes projecta um aumento considerável de produção em 2025, o que representa outra fonte significativa de divisas para o país, “especialmente se os preços subirem novamente”.
O economista também lembrou que o Comité de Política Monetária do BNA flexibilizou a política monetária na sua última reunião, “facilitando o acesso ao kwanza pelos bancos comerciais, permitindo-lhes participar continuamente na procura de divisas no mercado cambial”.
Em relação à evolução das taxas de câmbio, Chimoco previu uma “ligeira depreciação” do kwanza em 2025, devido à “maior flexibilização da política monetária”, que deve aumentar a oferta de kwanzas no mercado. “Isso proporcionará maior espaço para a participação dos bancos comerciais no mercado cambial”, explicou o analista.
Além disso, o economista ressaltou que a esperada redução do preço médio do barril de petróleo em 2025, fixado em 70 dólares no OGE, poderá contribuir para uma depreciação adicional do kwanza. “Se os mercados internacionais não mantiverem o preço acima dos 70 dólares por barril, o governo enfrentará dificuldades para manter a oferta de divisas no mercado cambial, tendo que direccionar os recursos para o pagamento da dívida em moeda estrangeira, o que poderá resultar em uma depreciação cambial”, concluiu o economista.
As reservas internacionais de Angola situaram-se em 15,6 mil milhões de dólares, comparadas aos 14,7 mil milhões de dólares em 2023, equivalente a cerca de 8,3 meses de importações de bens e serviços.