O impulso anti-corrupção do Presidente João Lourenco está a perder força, o que pode colocar em risco as perspectivas de crescimento económico do país, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
Segundo o Financial Post, os progressos alcançados em transparência fiscal parou, investigações de alto perfil estão a definhar e algumas pesquisas de opinião relatam
percepções crescentes de corrupção, revelou o FMI em um relatório na última terça-feira.
O relatório foi publicado depois que Angola manteve conversas com o FMI sobre possíveis pacotes de financiamento no mês passado. O terceiro maior produtor de petróleo de África luta para explorar os mercados internacionais de títulos por conta do aumento dos custos de empréstimos devido às guerras comerciais e de uma queda nos preços da energia.
O FMI revela em numa declaração separada nesta quarta-feira, que o documento “não reflete nenhuma das discussões realizadas sob a missão de avaliação pós-financiamento concluída a 12 de maio”.
Também diz que os insights já haviam sido publicados em março como parte de um relatório do país do FMI com base em informações disponíveis no momento em que foi concluído a 6 de fevereiro.
Abebe Selassie, o etíope que lidera o Departamento Africano do FMI, disse na terça-feira, depois de uma audiência com o João Lourenço, em Luanda, que o credor está disponível para apoiar Angola, se necessário. “Mas neste momento, nenhuma questão relaccionada a qualquer acordo de financiamento com Angola foi discutida”, disse em entrevista à Rádio Nacional de Angola.
Quando João Lourenço chegou ao poder em 2017, fez da luta contra a corrupção uma prioridade máxima, comprometendo-se a desmantelar redes comerciais corruptas que atormentavam o país sob liderança do seu antecessor José Eduardo dos Santos.
A repressão começou com uma série de prisões que se estenderam à família Dos Santos e seus aliados, acusados de acumular fortunas por quase quatro décadas.
O FMI observou no seu relatório que o “forte impulso observado até 2022 acalmou-se”. O credor com sede em Washington disse que as lacunas na maioria dos indicadores de governança em relação aos pares permanecem “consideráveis” e que as percepções de corrupção, que caíram significativamente até 2023, estão a aumentar novamente.
“Espera-se que fechar essas lacunas proporcione um maior crescimento económico”, disse. “Até certo ponto, essa avaliação reflecte um progresso desigual na reforma e, no caso da transparência fiscal, uma reversão.”
O FMI revisou a projecção de crescimento de Angola para 2025 para 2,4% de 3% iniciais, citando preços mais baixos do petróleo e condições de financiamento externo mais rígidas.