A visão do grupo empresarial de Benguela está voltada para a sustentabilidade do país e alinhada com os objectivos plasmados na agenda da ONU 2030, da União Africana, assim como da SADC.
A problemática da insegurança alimentar em Angola consta da agenda do Grupo Carrinho, enquanto parceiro do Estado, a fim de contribuir para a sua erradicação. Segundo o Relatório Global sobre Crise Alimentar de 2023, do Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU-Organização das Nações Unidas, em 2023, este fenómeno social afectou mais de 258 milhões de pessoas em 58 países do mundo, incluindo Angola, um aumento de 25% em relação a 2022.
Como solução, das várias já identificadas para debelar o problema, a Carrinho quer desenvolver uma estrutura organizacional verticalmente integrada no sector alimentar cujo objectivo é contribuir para a auto-suficiência alimentar e nutricional.
O programa do grupo angolano e a sua visão 2030 para Angola foram apresentados numa conferência internacional, realizada na província de Benguela, em Setembro, por ocasião dos 30 anos da sua fundação.
Aliada à estratégia da auto-suficiência alimentar, a Carrinho, criada em 1993, disse ter a missão de fomentar a produção nacional de produtos alimentares de qualidade e “de forma mais eficiente”, sempre com elevado sentido de responsabilidade social.
“Analisando os pilares que impulsionam o fomento interno do sector agro-pecuário, é revelada a intersecção das tendências globais, do contexto socioeconómico nacional e das visões estratégicas do Executivo e da Carrinho”, advogou o grupo empresarial, proprietário do Banco de Comércio e Indústria (BCI).
Sintonia com os programas internacionais e regionais
O objectivo é clarificar o caminho em direcção à auto-suficiência, com destaque para as fileiras produtivas prioritárias. Este programa da Carrinho está alinhado com a agenda 2030 da ONU, tido como um plano de acção global que reúne 17 objectivos de desenvolvimento sustentável (ODS) criados para promover um mundo mais justo, inclusivo e sustentável, onde as necessidades presentes são atendidas sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades. É lema da ONU, instituição liderada por António Guterres, erradicar a pobreza em todas as formas e lugares; melhorar a nutrição; promover a segurança alimentar, a agricultura e a industrialização; combater as alterações climáticas e os seus impactos, assim como fomentar a inovação.
A visão do conglomerado empresarial fundado por Leonor Carrinho e liderado actualmente por Nelson Carrinho está também em sintonia com a agenda 2063 da União Africana (UA) e com a estratégia e roteiro para a industrialização da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). A primeira tem como princípio o desenvolvimento sustentável, a coesão social e a paz africanas, constando da agenda da UA a promoção da agricultura para aumentar a produtividade, eliminar a subnutrição infantil, diminuir as perdas pós-colheita para metade e triplicar o comércio intra-africano de bens e serviços. Por seu lado, a SADC procura gerar uma transformação económica e
tecnológica de envergadura aos níveis nacional e regional, acelerar o ritmo de crescimento económico e reforçar a vantagem comparativa e competitiva das economias da região austral. Faz ainda parte da estratégia da SADC promover práticas agrícolas e agro-pecuárias sustentáveis, de baixo carbono, resilientes e adaptadas à realidade angolana, assim como facilitar a aquisição de maquinaria agrícola que use energias renováveis ou combustíveis menos poluentes.
Benefícios da auto-suficiência alimentar
Ao atingir a auto-suficiência das necessidades industriais, o Grupo Carrinho está a fomentar uma abordagem estratégica sustentada para o futuro, a qual contribuirá para a segurança alimentar da população angolana: “A auto-suficiência alimentar refere-se à capacidade de produzir e de transformar internamente uma quantidade de alimentos suficiente para as necessidades básicas da população”.
Angola, segundo o estudo apresentado pela Carrinho, tem capacidade para alcançar a auto-suficiência, dado o seu potencial agro-ecológico provido de vastas extensões de terras aráveis, de recursos hídricos abundantes e de uma diversidade de climas favoráveis à produção agrícola. Tais condições vão permitir ao país garantir o acesso a alimentos nutritivos e de qualidade por parte da população, reduzindo a exposição a crises de oferta externa e aumentando a independência com menor dispêndio em moeda estrangeiras, além de poderem ser tomadas decisões estratégicas em relação à produção e oferta de alimentos, para uma melhor adaptação às necessidades e preferências da população.