Angola está a apostar no gás natural como forma de reduzir a dependência do petróleo e impulsionar a diversificação económica.
O governo lançou o Plano Nacional Diretor do Gás (NGMP), avaliado em 30 mil milhões de dólares, que visa reforçar a produção doméstica, expandir as exportações e garantir que o gás represente pelo menos 25% da matriz energética nacional até 2025.
No segundo trimestre deste ano, as exportações de gás cresceram 19,1%, com a Índia e a Espanha a destacarem-se entre os principais compradores, embora ainda representem receitas menores em comparação com o crude, os números evidenciam a crescente relevância do gás no comércio externo angolano.
A estratégia ganhou novo impulso com a recente descoberta da Azule Energy, joint venture entre a BP e a Eni, que identificou em Gajajeira-01 uma reserva estimada em mais de 1 trilião de pés cúbicos de gás e até 100 milhões de barris de condensado.
Um segundo furo está previsto nos próximos dois anos, reforçando a ambição de Angola tornar-se um fornecedor relevante para a Europa e a Ásia.
Mais do que exportar, Angola quer usar o gás como base para a industrialização. Os projetos internos incluem a produção de fertilizantes, petroquímicos e o aumento do fornecimento de eletricidade, alargando o acesso da população à energia. Ao mesmo tempo, o país procura posicionar-se como hub regional de GNL, atraindo investimento estrangeiro e conhecimento técnico através de parcerias com multinacionais do setor.
A aposta no gás também está alinhada com os compromissos climáticos e a transição energética global. Considerado um combustível de transição, o gás pode ajudar Angola a reduzir a dependência do carvão e do fuelóleo pesado, ao mesmo tempo que sustenta o crescimento económico.
Se concretizar os seus planos, Angola poderá afirmar-se não só como um dos principais exportadores africanos de GNL, mas também como exemplo de adaptação de uma economia dependente de recursos à transição energética global.