Onze anos após um investimento de 23 bilhões de dólares, a Refinaria Dangote, localizada na Zona Franca de Lekki, Nigéria, começou a operar no ano passado, processando inicialmente 350 mil barris de petróleo por dia. Com uma produção que chegou a 500 mil em janeiro e uma capacidade esperada de 650 mil em fevereiro, a refinaria se tornou um marco na indústria energética africana. Além disso, o complexo petroquímico adjacente produz 3 milhões de toneladas métricas de ureia anualmente.
A refinaria já impactou os mercados globais de energia, reduzindo as importações de gasolina da Nigéria ao menor nível em oito anos e transformando o país em exportador líquido de querosene de aviação, nafta e óleo combustível.
O patrimônio de Dangote cresceu para 23,8 bilhões de dólares, quase o dobro do ano anterior, o que consolidou a sua posição como a pessoa mais rica da África, retornando ao ranking das 100 maiores fortunas do mundo pela Forbes.
Dangote não apenas transformou o sector energético da Nigéria, mas também vê um futuro de industrialização para toda a África, ao destacar a importância de construir a nação com recursos próprios. Embora enfrente desafios económicos e políticos, a sua visão de uma África autossuficiente continua a inspirar e provocar mudanças significativas.
Nascido em 1958 em uma rica família de comerciantes na cidade de Kano, Dangote demonstrou ambição desde cedo, transformando a sua mesada em um empreendimento de confeitaria aos 8 anos. Após estudar administração na Universidade Al-Azhar, no Cairo, fundou uma empresa de importação e exportação com um empréstimo de 500 mil dólares concedido por um tio. Conexões políticas ajudaram a conquistar direitos exclusivos de importação de açúcar, cimento e arroz.
Nos anos 1990, à medida que a Nigéria transitava para a democracia, Dangote garantiu incentivos fiscais para construir uma usina de açúcar, uma refinaria de farinha e uma fábrica de cimento, sendo este último sector particularmente lucrativo. Mantendo boas relações com governos sucessivos, Dangote focou em oferecer produtos essenciais aos consumidores nigerianos.
Quando Dangote anunciou a refinaria em 2013, planeava construir no sudoeste da Nigéria, mas após três anos de atrasos, mudou a localização para fora de Lagos. As condições pantanosas do local e a pandemia de Covid-19 complicaram a construção. Apesar dos custos excedentes, Dangote financiou o projeto com empréstimos bancários e de sua holding.
Segundo a Integrity Magazine, a refinaria ainda enfrenta desafios, incluindo uma dívida pendente de 3 bilhões de dólares e a desvalorização da Naira nigeriana. Determinado a superar esses obstáculos, Dangote planea construir um gasoduto submarino, dobrar a produção de fertilizantes e tornar a refinaria pública nos próximos anos.