A gigante petrolífera americana Chevron antevê um impacto negativo entre US$ 200 milhões e US$ 400 milhões no terceiro trimestre de 2025, fruto da aquisição da Hess — movimento que pode levantar questionamentos sobre o efeito dessa reestruturação nas suas operações africanas, especialmente em Angola.
A Chevron anunciou que espera enfrentar um choque financeiro significativo no terceiro trimestre de 2025, devido aos custos de integração da fusão com a Hess.
Segundo a Reuters, os encargos deverão variar entre US$ 200 milhões e US$ 400 milhões, reflectindo despesas relacionadas com a consolidação de operações, reestruturações e ajustes contábeis.
A compra da Hess, concluída em julho, visou expandir a base de activos da Chevron, sobretudo em campos petrolíferos de alto valor, como o stake de 30% no Bloco Stabroek, na Guiana. A expectativa é que os novos activos agreguem entre 450 000 e 500 000 barris de óleo equivalente por dia à produção da empresa.
Embora boa parte do foco dessa operação seja geográfica fora de África, o movimento não deixa de suscitar especulações sobre como essa reorganização impactará as operações da Chevron em países como Angola, onde a empresa já tem presença consolidada. Em setembro de 2025, a Chevron assinou um acordo preliminar com a ANPG (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) para explorar o Bloco 33/24, situado na bacia do baixo Congo, contíguo aos blocos 17 e 32 — áreas de grande relevância para o país.
Este compromisso angolano ocorre num momento em que o sector petrolífero nacional busca reformas contratuais que transfiram maior risco às operadoras, incentivando a entrada de capitais estrangeiros.
A estratégia de “Risk Service Contracts” adotada por Luanda visa justamente equilibrar retorno para o Estado e benefício operacional para as empresas.
Para Angola, o cenário acende um alerta: apesar da confiança demonstrada pelas grandes petrolíferas ao voltar suas atenções ao país, o risco de custos elevados ou instabilidades globais pode repercutir nos cronogramas de investimento e nas expectativas de produção futura.
O desempenho da Chevron nos próximos trimestres, especialmente frente aos encargos da fusão, poderá afectar a sua capacidade de honrar compromissos e desenvolver novos campos em Angola.