O Corredor do Lobito está prestes a se tornar uma das rotas de transporte e comércio mais estratégicas de África, gerando bilhões de dólares.
Segundo avança a Revista The Africa Report, o AFC está em discussões com os governos de Angola e Zâmbia para desenvolver corredores económicos que impulsionarão as cadeias de valor regionais — particularmente aquelas que beneficiarão do Projecto do Corredor do Lobito, apoiado pelos EUA .
Em entrevista à margem do Fórum de CEOs da África, na Costa do Marfim, o presidente da AFC, Samaila Zubairu, disse que o projeto do Corredor do Lobito terá o tema do financiamento fechado perto do final do ano, acrescentando que as “estimativas de custo inicial são promissoras” com “interesse significativo de várias partes”.
“A ideia desses corredores económicos é ter uma estrutura para considerar todas as cadeias de valor que o projeto pode impactar”, disse ele.
A expansão do Corredor do Lobito – uma importante rota comercial regional – deverá aumentar a conectividade entre Angola, Zâmbia e a República Democrática do Congo (RDC), países ricos em minerais.
O projecto inclui a modernização das linhas ferroviárias existentes, incluindo o Caminho Ferro de Benguela, com 122 anos de existência, a melhoria da infraestrutura portuária para facilitar a movimentação de mercadorias e minerais.
Em outubro de 2023, a AFC juntou-se aos EUA, à União Europeia, ao Banco Africano de Desenvolvimento e aos governos de Angola, Zâmbia e República Democrática do Congo (RDC), na Bélgica, para assinar um Memorando de Entendimento para o desenvolvimento do Corredor do Lobito. O acordo conecta o noroeste da Zâmbia à linha ferroviária de Benguela, e, por fim, ao porto do Lobito.
Mais tarde, o governo da Itália juntou-se à parceria com um compromisso de US$ 320 milhões — incluindo US$ 270 milhões para o projetco e US$ 50 milhões para a AFC para apoiar diversas outras actividades em andamento.
O CEO do AFC disse que um estudo conduzido há vários anos sobre a cadeia de valor de minerais para baterias mostrou que África poderia aumentar os seus lucros de cerca de US$ 12 bilhões — gerados por meio da exportação de matérias-primas como lítio, grafite, cobalto e cobre — para até US$ 240 bilhões produzindo produtos intermediários como precursores de baterias.
A riqueza mineral ao longo do Corredor do Lobito abrange alguns dos depósitos mais ricos da região de Katanga, na República Democrática do Congo (RDC), e do renomado Cinturão de Cobre, na Zâmbia. Angola, rica em petróleo, abriga 26 dos 51 minerais mais críticos do mundo – incluindo cromo, cobalto, grafite, chumbo, lítio e níquel – de acordo com um relatório da Autoridade de Promoção de Investimentos do Corredor do Lobito, criada em 2023.
“África continua a ser uma das principais fontes de crescimento do mundo, e projectos como este amplificam esse crescimento. Isso apoiará a integração económica”, disse.
“Hoje, estamos a falar sobre a Área de Livre Comércio Continental Africana como uma das principais iniciativas necessárias para que África passe do potencial à realidade – e é assim que fazemos essa transição.”
Enfatizou a importância da infraestrutura como um catalisador para o comércio e um impulsionador do crescimento.
“O AFC foi criada para desenvolver e financiar infraestrutura que permitirá a industrialização do continente africano, e permanecemos fiéis a essa missão. Entregamos diversos projectos em todo o continente que demonstram que estamos a trabalhar para capturar e reter valor em África”, concluiu.