O coração das empresas é o talento dos seus colaboradores. E o papel da gestão de recursos humanos é garantir que essas pessoas tenham o melhor desempenho possível. Actualmente, existem uma série de ferramentas e de estratégias para garantir a satisfação e o desempenho no trabalho, escreve Cátia Teixeira, Diretora Executiva de Capital Humano do Grupo MultiChoice Africa Holdings.
Cada um de nós, nas nossas vidas profissionais e pessoais, esforça-se por crescer e desenvolver-se. Mas, em última análise, empenhamo-nos mais quando nos sentimos enriquecidos e valorizados.
Quando se fala de potenciar o capital humano, o empenho dos trabalhadores é muito relevante: quanto mais empenhados estivermos, maior será a probabilidade de desempenharmos bem as nossas tarefas diárias.
Neste sentido, o crescimento e o desenvolvimento pessoal são uma necessidade real para a maioria das pessoas. Mas também pode ser muito gratificante, para uma empresa, identificar um indivíduo talentoso e vê-lo florescer em funções e habilidades que ainda não tinham sido totalmente descobertas.
Identificar oportunidades de crescimento
Alguns colaboradores causam impacto desde o primeiro dia. Outros são dedicados, mas um pouco tímidos. Os processos de gestão de talentos devem funcionar para todas as personalidades.
Uma análise semestral do talento no seio das organizações deve identificar o desempenho de cada funcionário e o seu potencial de crescimento, mas a interacção entre departamentos também é importante – porque ajuda a identificar novas oportunidades e a criar planos de desenvolvimento adaptados às necessidades de cada colaborador.
Estes planos devem ser sistemáticos. Por exemplo, uma academia de formação interna é uma plataforma inestimável para o desenvolvimento do capital humano nas empresas. A nossa MultiChoice Academy tem mais de 4000 cursos disponíveis online – em finanças, recursos humanos, gestão, marketing ou quaisquer outras competências que sejam relevantes para o êxito total dos nossos colaboradores.
A formação presencial continua a ser relevante, mas, independentemente do formato, deve ser obrigatoriamente adaptada e personalizada para satisfazer as necessidades identificadas nas avaliações periódicas. A ideia é criar um caminho de desenvolvimento específico para cada membro da equipa, sempre alinhado com os objectivos e os valores da empresa.
Isto aplica-se também à própria concepção dos programas de formação, que devem equilibrar a necessidade de auto-realização dos membros da equipa, com a necessidade de a empresa servir os seus clientes de forma sustentável.
O aspecto mais gratificante na gestão de capital humano é vê-lo funcionar como deve ser e conhecer as histórias de sucesso. De certa forma, eu sou a prova disso.
A importância do desenvolvimento continuo no dia-a-dia das empresas torna-se mais evidente quando se compara o talento interno com as contratações feitas a partir do exterior da organização. Os anos de investimento em capital intelectual e institucional valorizam os colaboradores de longa duração, que dessa forma tornam-se numa proposta mais atractiva. Os novos funcionários vão precisar sempre de formação específica e de adquirir experiência institucional antes de atingirem níveis de experiência semelhantes.
Essa formação interna aumenta o valor do pessoal – como indivíduos em constante desenvolvimento e enquanto activos para a empresa. Na MultiChoice Africa estamos sempre a formar novos jovens líderes, mulheres líderes e chefes de departamento, até como estratégia para atingir novos níveis de especialização.
O que significa diversidade
A diversidade e a inclusão são fundamentais para as melhores empresas, uma vez que tais políticas ajudam a garantir que cada indivíduo atinja o seu potencial e o seu engajamento máximo.
Enquanto empresa pan-africana que actua em 50 mercados continentais, com um quadro de pessoal esmagadoramente negro, a abordagem da MultiChoice à DEI (Diversidade, Equidade, Inclusão) tem menos a ver com a raça e mais com a representação equitativa do género.
Em toda a África, atingimos até agora 46% de representação feminina, incluindo 46% de cargos de liderança ocupados por mulheres. Actualmente, estamos a fazer um esforço intencional para atingir 50% através da nossa política de promoções.
Alcançar a paridade de género tem uma componente cultural, porque em muitas sociedades as mulheres estão confinadas às funções de dona de casa e cuidadora. A MultiChoice defende uma cultura de absoluta equidade de género e, quando entramos num novo mercado, esforçamo-nos por aplicar essa cultura e capacitar as mulheres para alcançarem e ocuparem posições de liderança.
A informação impulsiona a mudança
Para incentivar o progresso social é necessário mais do que apenas sentimentos: as acções devem ser impulsionadas por informações precisas. Para ser uma força eficaz de progresso, uma organização deve dispor de dados mensuráveis, que permitam aferir se os objectivos previstos estão realmente a ser cumpridos.
A informação de qualidade é a matéria-prima que impulsiona os sistemas de gestão do desempenho, por exemplo. Dessa forma é possível analisar o progresso do pessoal, gerar curvas de distribuição em forma de sino e tomar decisões estratégicas com segurança.
Os dados também podem ser utilizados para medir o engajamento, a forma como um colaborador se sente em relação ao seu superior hierárquico, ao seu ambiente de trabalho, ao seu equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, entre outros indicadores. Para obter estas informações, são realizados inquéritos semanais através da nossa plataforma Office Vibe. As principais métricas são o engajamento geral, a participação e a pontuação do promotor de bem-estar e satisfação do pessoal.
Na MultiChoice, também realizamos sondagens aos colaboradores de forma aleatória. Esta iniciativa permite colher informações actualizadas, que servem para apoiar intervenções rápidas e relevantes e agilizar as tomadas de decisão.
Estas iniciativas, juntamente com os grupos de discussão, ajudam-nos a compreender o que o nosso pessoal necessita para estar mais motivado no seu trabalho, para se sentir adequadamente apoiado e remunerado.
Em última análise, os trabalhadores querem sentir que fazem parte de algo maior. Os processos de RH podem ser orientados para ajudar todos os trabalhadores a atingir esse objectivo. O grande objectivo final deve ser a realização das pessoas, pelas pessoas.
Cátia Teixeira
Directora de RH da Multichoice Angola