Infraestruturas Transafricanas – Porquê Angola é um país chave para o desenvolvimento do continente?

Angola, um país no centro de uma confluência de infraestruturas transafricanas críticas para o desenvolvimento socioeconómico de vários países Africanos, principalmente da África Subsaariana – Como poderá o País capitalizar essas confluências para aumentar o seu PIB nominal e consequentemente o seu PIB per capita? O país precisará de um plano estratégico a médio-longo prazo para isso, colocando várias áreas do saber em consonância
principalmente as de ordenamento e planeamento alinhando-os com o Plano Nacional de desenvolvimento.

Tal como disse no meu artigo sobre o corredor do Lobito (‘’El Corridor’’), a África do Sul é
‘’economicamente um País encravado’’ na perspectiva do comércio transafricano,
independentemente de ser banhado por dois grandes oceanos, no caso o Atlântico e o Indico, logo, precisa de usar a infraestrutura rodoviária e ferroviária de países vizinhos para fazer chegar seus produtos de forma mais competitiva em mercados apetitosos do continente como a República Democrática do Congo, por exemplo, com mais de 100 milhões de pessoas e um crescimento demográfico na ordem dos 3,3% ao ano, e um dos países importantes na qual a África do Sul precisa utilizar as infraestruturas rodoviária e ferroviária é Angola.

A África do Sul sabendo deste handicap estratégico para o desenvolvimento do seu comércio transafricano, começou a desenvolver estudos para elaborar as melhores rotas comerciais desde 1958, tendo definido para o efeito duas rotas estratégicas para o desenvolvimento do comércio transafricano, uma a ocidente – estrada transafricana CapeTown-Tripoli (Líbia) e outra a oriente – estrada transafricana Capetown-Alexandria (Egipto), que neste momento tem muito menor viabilidade em consequência da situação politica que se vive em Moçambique. Por assim ser, a rota – estrada transafricana Capetown-Tripoli torna-se ainda mais estratégica do que já é, pois, na parte Angolana da rota coincide com o corredor ‘’Norte-Sul’’, cortando os três ramais de caminho-de-ferro e criando a intersecção de vários modais de transporte, inclusive com o Corredor do Lobito, no que poderia aumentar ainda mais a relevância deste projecto atraindo mais investimento. Ora, essa intersecção com os ramais ferroviários em função dos vários modais de transporte abre uma oportunidade impar para a edificação de infraestruturas logísticas que possibilitarão a conexão dos locais de produção agrícola aos mercados cuja eficiência garan7rá que os produtos cheguem ao destino em boas condições para serem usados na indústria alimentar ou consumidos in natura, bem como a combinação com a edificação de industrias de transformação agroindustrial e silos de armazenamento de cereais gerando perfeitos HUB’s logístico/industriais que funcionarão num sistema de import/export cuja gestão será por concessão fruto de parcerias público-privadas (PPP) desde a sua edificação, abastecendo o mundo através do atlântico e o indico gerando um desenvolvimento colossal para Angola e o continente e tendo o corredor do Lobito como infraestrutura central.

Viagem de Estado do Presidente da República João Lourenço a África do Sul

A viagem de estado do Presidente da República de Angola João Lourenço a África do Sul no
próximo dia 12 de dezembro será uma excelente oportunidade para ambos os países
explorarem definitivamente uma parceria estratégica, principalmente no âmbito do comércio e do investimento transafricano, incluindo que Angola poderá procurar captar financiamento Sul Africano no ‘’corredor Norte-Sul’’, onde já foi assinado no mês de outubro do ano corrente um memorando com uma empresa Chinesa China Road and bridge Corporation para a sua construção (seria ideal levar em consideração os estudos Sul Africanos nesta matéria), nas infraestruturas logísticas ao longo onde a gigante Sul Africana Shoprite seguramente teria todo o interesse para aprimorar e alavancar toda a sua logística.

A parceria estratégica entre Angola e África de Sul é definitivamente a última peça do puzzle
que falta para Angola começar a ver e a beneficiar do desenho do sucesso económico que
merece no con7nente após a visita do Presidente dos Estados Unidos da América Joe Biden.

Infraestrutura energética

Angola investiu bastante e continua a investir em projectos ligados a produção de energia
elétrica, precisando começar agora a dar grande atenção em infraestruturas de transporte
dessa energia para vários pontos do País e do continente. Essa infraestrutura energética
oferece uma sobeja oportunidade para o desenvolvimento da indústria pelo País.

Custo no uso das infraestruturas VS competitividade nas exportações de Angola

É bom salientar, que um dos desafios de Angola nesta matéria, deverá, com os olhos postos
nas exportações, dimensionar infraestruturas com qualidade, mas cujo uso seja de ‘’baixo
custo’’, de modos a potencializar as exportações e torna-las competitivas, pois o custo no uso das infraestruturas tem impacto na competitividade das exportações em relação aos demais países que exportam os mesmos produtos para os mesmos mercados.

Ordenamento do território

Urgente a elaboração do Plano Director do Corredor do Lobito, do corredor Norte-Sul e não menos importante o POR – Plano de Ordenamento Rural (ainda não possui o paradigma para a elaboração do mesmo), pois, no caso dos dois primeiros, deverá se ter em conta o paradigma para a elaboração do PPOT (Planos Provinciais de Ordenamento do Território), e tudo isso em conexão com o Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, pois é Ela que tem a Direção Nacional do Ordenamento do Território e Urbanismo, área que é o baluarte dessas matérias, independentemente do sector em analise, de modos que se elabore em cumprimento aos paradigmas correspondentes. E se no quadro do projecto agora denominado NJILA e financiado pelo Banco Mundial se possam redirecionar os recursos.

Benjamim Lukau Gerard
Consultor em Ordenamento do Território e Planeamento Urbano | Especialista em Urbanismo, Gestão de Projetos e Construção Civil | Estratégia Empresarial | Entusiasta em Geopolítica, Diplomacia, Economia e Agronegócio.