O ministro dos Transportes reiterou ontem, em Luanda, o optimismo do Executivo quanto ao sucesso do Plano Director do Sector dos Transportes e Logística, implementado desde 2020, em virtude do interesse da comunidade internacional em transformar Angola num hub regional por intermédio do Corredor do Lobito.
Ricardo Viegas d’Abreu falava na abertura de uma conferência subordinada ao tema “O Corredor do Lobito, Impactos em Angola e África Subsaariana: As infra-estruturas como oportunidade na atracção de investimento estrangeiro”, promovida pela empresa Abreu: Advogados, em que especialistas dos Transportes e Comércio Internacional passaram em revista os avanços alcançados por Angola no domínio da modalidade.
O governante enfatizou o facto de até agora o seu pelouro ter arrecadado para os cofres do Estado mais de 300 milhões de dólares em prémios de concessões, numa altura em que os investimentos efectuados, enquanto obrigações das entidades concessionárias, estão avaliados em pouco mais de 1.300 milhões de dólares.
De acordo com o governante, os indicadores acima referidos permitem aferir que a meta de transformar o sector dos Transportes numa alavanca da diversificação da economia nacional, assumida pelo actual Governo, foi uma aposta acertada, muito embora as dificuldades derivadas de questões geopolíticas com repercussão na economia internacional.
O dilema da diversificação económica, recordou Ricardo Viegas d’Abreu, configura um tema antigo, mas carece de uma profunda reflexão dos modelos que permitam a sua materialização, com referência no sucesso alcançado por grande parte dos países asiáticos, assente em sólidos investimentos em infra-estruturas, sobretudo no sector dos Transportes e Logístico.
“Elaborámos, em 2020, o Plano Director do Sector dos Transportes, Logística e Infra-estrutura Rodoviária, com uma projecção de 20 anos sobre aquilo que deverá ser o sector, com a estimativa de investimentos necessários para cobrirmos o parque de infra-estruturas de transportes e logística na ordem de 1,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) anualmente, isto é, uma média anual de 1,5 a 1,7 mil milhões de dólares”, recordou.
Angola, prosseguiu, teve a vantagem de contar com infra-estruturas que já existiam antes do conflito que dilacerou o país logo após a Independência Nacional, de modo que grande parte do trabalho se cingiu na sua reabilitação e requalificação para garantir que estejam ao serviço da economia nacional e internacional, com maior ênfase para os portos, aeroportos e caminhos -de- ferro.
Mobilidade urbana é prioridade
O ministro dos Transportes reiterou o compromisso do Governo em executar o “master plano” da mobilidade como um dos pilares com vista a dotar os centros urbanos de maior fluidez de pessoas, mercadorias e eficiência dos serviços, ao frisar que o fenómeno da mobilidade nas principais cidades é uma realidade que a maior parte dos países enfrenta, em função do acelerado crescimento demográfico no continente.
A perspectiva, segundo sustentou, é de que o continente contará com várias mega cidades nos próximos 30 anos, razão pela qual na mobilidade os governos devem se empenhar e criar mecanismos de planeamento adequados para que as cidades cresçam de forma ordeira.
“Os estudos realizados permitiram verificar que a rentabilidade das instituições portuárias e demais transportes sempre estiveram expostas à volatilidade do preço do petróleo, ou seja, sempre que o país tenha mais petróleo e recursos financeiros a nível fiscal e da balança de pagamentos, importa mais, causando um impacto directo no sector dos serviços e pagamentos, sobretudo nos portos. Este também é um desafio a ultrapassar com a diversificação da economia”, referiu.