Nestlé, gigante global do sector de alimentos e bebidas, está ser alvo de críticas por adicionar açúcar a cereais infantis vendidos em toda África, uma prática que gerou críticas de grupos da sociedade civil e especialistas em saúde pública no continente berço da humanidade.
Uma investigação da Public Eye revelou que a maioria dos produtos Cerelac comercializados em África contém açúcar adicionado, contrariando as directrizes da OMS.
Grupos da sociedade civil acusam a Nestlé de aplicar “dois pesos e duas medidas” e exigem a retirada desses produtos com alto teor de açúcar.
A Nestlé nega as alegações, afirmando que a sua abordagem nutricional é uniforme em todas as regiões e visa oferecer opções sem adição de açúcar.
O relatório, divulgado na terça-feira e confirmado pela Al Jazeera, constatou que a maioria dos cereais infantis Cerelac vendidos em países africanos continha açúcar adicionado, enquanto os mesmos produtos na Europa, incluindo Suíça, Alemanha e Reino Unido, são vendidos sem nenhum açúcar.
A obesidade infantil é uma preocupação crescente em toda a África, onde cerca de 5,1% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso, e o número total quase dobrou desde 1990.
A OMS alerta que muitos países africanos agora enfrentam uma “dupla carga” de desnutrição e obesidade.
A Public Eye analisou quase 100 produtos Cerelac em 20 países africanos e descobriu que 90% deles continham açúcar adicionado.
Em média, cada porção continha quase seis gramas de açúcar adicionado, o equivalente a cerca de um cubo e meio de açúcar, sendo que a maior quantidade, 7,5 gramas, foi encontrada em um produto para bebês de seis meses vendido no Quênia.
Outros países africanos, incluindo Nigéria, Senegal, África do Sul e Etiópia, também apresentaram altos níveis de açúcar nos produtos Cerelac, variando de 4,2 a 6,8 gramas por porção.


